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sábado, 23 de julho de 2011

3 operários morrem em obra de expansão do Hospital Universitário de Brasília (HUB)
nesse ano já foram 11 operários da construção civil mortos em canteiros de obra no DF.

Na manhã da quinta-feira, dia 21 de julho, mais três operários da construção civil morreram em Brasília, vítimas do descaso e da ganância das empreiteiras. Os três operários foram soterrados numa vala, por uma montanha de terras e escombros com peso de 30 toneladas. O acidente ocorreu um dia após um fiscal da UnB ter interditado as obras de construção do Instituto da Criança e do Adolescente, em função do risco de desabamento no local em que ocorreu o acidente. Ainda na quarta-feira, dois operários foram demitidos por se recusarem a trabalhar na vala.

A vala, em que morreram os 3 operários, não obedecia às normas de segurança. Apesar do profundidade do buraco e do grau íngreme dos barrancos, nenhum procedimento de escoramento foi utilizado, deixando a encosta instável. Além do mais, materiais da obra foram acumulados as margens da vala, tornando ainda mais vulnerável a terra dos barrancos. As medidas de segurança para esse tipo de procedimento foram ignoradas porque o mestre-de-obras, Raimundo João da Silva, queria economizar os gastos referentes ao aluguel de uma retro-escavadeira, que atuava na construção da vala.

Mortes: triste realidade dos operários da construção civil na capital do país.

A irresponsabilidade do metre-de-obras, que covardemente fugiu depois do acidente, e a ganância da empreiteira Anhaguera, custaram a vida de Nelson Holanda da Silva, Lourival Leite e Raimundo José. Mas infelizmente, esse caso não é um fato isolado, durante o primeiro semestre de 2011 em todos os meses morreu um operário em algum canteiro de obras da cidade. Nesse ano, inclusive, o número de mortos em acidentes já ultrapassou a quantidade de vítimas de todo o ano passado.

Os operários que trabalhavam na obra de expansão do HUB, passaram toda a semana tendo atritos com o metre-de-obras, que obrigava os trabalhadores a atuarem na vala do acidente, sem sequer fornecer equipamentos de segurança aos operários, como luvas e protetores auditivos. O mestre-de-obras, além do assédio moral e das ameças de demissão, prometia o pagamento dobrado da hora-extra para os operários que trabalhassem na vala. Em função da péssima remuneração da categoria, alguns operários arriscavam suas vidas para ter um pouco de dinheiro a mais no fim do mês.

Chega de mortes! Prisão e expropriação dos bens das empresas e dos responsáveis pelas mortes!

Os operários continuam sofrendo acidentes e morrendo nos canteiros de obra, porque a impunidade às empresas e aos responsáveis pelos acidentes impera no país. No entanto, seria pouco provável que a situação fosse diferente num país em que as empreiteiras são uma das principais financiadoras das campanhas eleitorais dos governantes, dos deputados e dos senadores. Basta ver o caso da própria presidenta Dilma, que teve sua campanha bancada principalmente por grandes empreiteiras brasileiras. Enquanto as empreiteiras continuarem a gozar da cumplicidade dos governos estaduais e federal, dificilmente elas serão punidas pelas mortes e acidentes, que acontecem diariamente nos canteiros de obra do país.

Infelizmente outro fator também contribui para que as mortes continuem no cotidiano das obras do DF, a política de desmobilização do sindicato dos trabalhadores nas indústrias da construção e do mobiliário de Brasília. Apesar da rotina de mortes e acidentes, a direção desse sindicato, ligado a NCST, não promove uma campanha ostensiva e ampla contra as empreiteiras e não chama a categoria para assembleias, atos ou mobilizações pela garantia de condições dignas e seguras de trabalho para os operários. Esse sindicato acaba facilitando, dessa maneira, a realidade de super-exploração e falta de segurança a que estão submetidos os operários da construção civil.

A reitoria da UnB comunicou publicamente a sua decisão de suspender imediatamente o contrato com a empresa Anhaguera e sua intenção de cancelar o contrato o mais rapidamente possível. Exigimos que a reitoria cumpra a sua palavra e proceda com o rompimento do contrato. Também exigimos que a justiça agilize o processo e puna rigidamente a empreiteira Anhaguera e os responsáveis pela obra. 


PSTU-DF

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