Entrevista para O BLOG DA PAOLA - www.blogdapaola.com.br
1) Quais são as principais diferenças programáticas entre o PSTU e o PCB, PSOL, PT, PCdoB, PDT e PSB?
Rodrigo Dantas - PT, PCdoB, PDT e PSB compõem o governo Lula há oito anos. Estes partidos não têm mais programa nem ideologia: são partidos eleitorais, e como os demais partidos burgueses, têm suas campanhas eleitorais milionárias financiadas pelos bancos e grandes empresas para administrar o Estado de acordo com seus interesses e lotear cargos, recursos públicos, posições de poder e vantagens materiais de todos os tipós para formar sua base de apoio.
O PSOL, embora não esteja no governo, também é um partido essencialmente eleitoral e parlamentar. Nascido de uma dissidência do PT, seu programa – apenas nominalmente socialista – é o mesmo do PT nos anos 1990: o programa “democrático popular“, que se nutre da ilusão perigosa e falaciosa de que os graves problemas estruturais que são determinados pelo capitalismo poderão ser resolvidos por meio de reformas dentro do próprio capitalismo. O PCB, diferentemente de nós, é um resíduo do que restou dos grandes partidos stalinistas ligados à burocracia estatal e contra-revolucionária da União Soviética.
O PSTU é um partido socialista, que atua cotidianamente nas lutas e nas organizações dos trabalhadores e da juventude. Nosso objetivo é que os trabalhadores organizados governem sem os patrões. Nossa estratégia é construir, nas lutas e ações diretas da classe trabalhadora e da juventude, as condições políticas, ideológicas e culturais que conduzam à revolução socialista mundial e a transição da barbárie capitalista para uma sociedade livre e emancipada, em que a riqueza produzida por nosso trabalho possa ser democraticamente socializada e usufruída por todos aqueles que de fato a produzem. O grande desenvolvimento material científico e tecnológico da humanidade permite que possamos viver cada vez mais e trabalhar cada vez menos, em paz e com conforto, com nossos direitos e necessidades atendidas, sem destruir o meio-ambiente; mas para isso, teremos de construir uma nova sociedade, uma sociedade socialista.
2) Gostaria de saber como o senhor pretende conquistar votos junto a comunidade evangélica, sendo que uma das bandeiras do PSTU é o fim do estado de Isreal, coisa que os evangélicos são totalmente contra, por princípios bíblicos?
(Pergunta do leitor Samuel Macedo)
Dantas - Os EUA ocupam militarmente o Oriente Médio, têm bases militares em diversos países da região e sustentam uma série de ditaduras fantoches que representam seus interesses imperialistas no sub-continente que tem as maiores reservas petrolíferas do planeta. Israel é uma base de apoio da política imperialista e belicista dos EUA na região. A opressão brutal do povo palestino pelo Estado de Israel é inaceitável. Somos contra o imperialismo e sua política de guerras, ditaduras e opressão em nome dos interesses dos grandes conglomerados econômicos que dominam o mercado mundial – e também somos contra o Estado de Israel e sua política imperialista e genocida contra o povo palestino e o mundo arábe em geral.
3) Como candidato ao GDF, por que o senhor concentra o corpo-a-corpo de campanha em universidades e sindicatos? E com o partido praticamente restrito ao Plano Piloto e com poucos quadros, como governará o DF se eleito for? Fará uma coalizão?
(Pergunta dos leitores Cristiano Barbosa e Gustavo Chauvet)
Dantas - Nossa campanha eleitoral não é financiada pelos bancos e grandes empresas, mas pelos recursos que conseguimos levantar junto aos trabalhadores que nos apoiam. Porque não fazemos da política um balcão de negócios, não compramos votos nem temos cabos eleitorais pagos. As campanhas milionárias que estão por aí cobrarão seu preço aos trabalhadores na forma da corrupção e da privatização do Estado. Nossa campanha é feita por nossos próprios militantes e se concentra, antes de tudo, nos locais onde militamos cotidianamente e temos trabalhos políticos e sindicais. Num governo do PSTU no DF, teremos a contribuição dos melhores quadros da intelectualidade brasileira e mundial. Não formaremos coalizões com partidos burgueses nem negociaremos apoio parlamentar no balcão de negócios que é a política burguesa. Um governo do PSTU não será uma flor nascida do asfalto, mas o resultado histórico de um grande processo de mobilização e organização popular. Nosso governo será o governo dos trabalhadores. Governaremos apoiados nos trabalhadores organizados e deles virá a força material necessária para construir um novo Estado e uma nova sociedade.
4) Quais suas propostas para a Segurança do DF?
(Pergunta do leitor Gustavo Chauvet)
Dantas - A principal causa da violência urbana no DF e no Brasil é o desemprego, que afeta sobretudo a juventude e a população pauperizada da periferia dos grandes centros urbanos. No DF, o desemprego atinge cerca de 15% das pessoas! Ali onde não há perspectivas de trabalho e de vida digna, a violência se dissemina e se torna para milhares de pessoas seu único meio de vida. Não há como resolver este problema com mecanismos repressivos. Violência não se resolve com violência. A violência, antes de ser uma questão de polícia, é uma questão social, e assim deve ser tratada. Para isso, investiremos pesadamente na educação pública de qualidade em tempo integral e implantaremos um grande plano de obras públicas para a construção de moradias populares, escolas e hospitais, que propiciará trabalho e salário digno para milhares de pessoas. Outra medida importante é a desmilitarização da polícia e a construção de uma polícia civil unificada, que tenha seus chefes eleitos e controlados pela população nos bairros e comunidades em que ela atuar.
5) Qual sua proposta para inclusão digital? O senhor pretende manter bons programas como o DF Digital?
(Pergunta do leitor Tiago Reis)
Dantas - O conhecimento é um patrimônio de toda a humanidade e deve estar ao alcance e a serviço de todos. Todos os lares do DF devem ter computadores ligados à Internet. Para atingir este objetivo, o BRB deve abrir linhas de crédito com juros a 1% para que a população que recebe até três salários minímos possa comprar computadores com preços populares, subsidiados pelo Estado, com acesso à Internet.
6) Como o senhor pretende resolver os problemas da Saúde no Distrito Federal, caso eleito?
(Pergunta da leitora Ana Carolina Maia)
Dantas - Os governos de Roriz, Cristovam e Arruda levaram a saúde no DF a um estado de calamidade pública! Mais da metade do orçamento da saúde do GDF – o maior orçamento por pessoa do país – é gasto em repasses super-faturados para empresas e fundações privadas e esquemas de terceização e corrupção. Faltam médicos, medicamentos, equipamentos, hospitais e postos de saúde, mas sobra privatização e corrupção para todo lado. Para resolver essa situação, depois de uma ampla auditoria no sistema, implantaremos um modelo de saúde pública integrada, baseado na universalização do atendimento preventivo das famílias em suas casas e numa rede de hospitais e postos de saúde bem equipados em todas as cidades do DF, com funcionamento 24 horas. Acabaremos com todas as formas de privatização da saúde. Aumentaremos os salários dos médicos e profissionais da saúde, diminuiremos a jornada de trabalho, implementaremos um plano de carreira discutido com a categoria que valorize sua qualificação e abriremos concursos públicos para a contratação de profissionais da área. O direito à vida deve estar acima de todas as coisas. No governo do PSTU, a saúde pública será nossa principal prioridade orçamentária.
7) Quais são as propostas para o Entorno do DF?
(Pergunta do leitor Gustavo Chauvet)
Dantas - Lutaremos para que o Entorno passe a fazer parte do Distrito Federal, ao qual está ligada de fato. Ligaremos as cidades do Entorno ao DF com a construção imediata de três grandes eixos de metrô: Águas Lindas-Brasília, Valparaíso-Brasília e Formosa-Brasília. Desenvolveremos um amplo programa de obras públicas para a construção de moradias populares, de hospitais e postos de saúde equipados em todas as cidades do Entorno, escolas e centros de cultura, esporte e lazer.
8 ) Como o senhor acredita ser possível melhorar o sistema viário do Distrito Federal, os engarrafamentos e o transporte público?
(Pergunta do leitor Erivaldo Pereira)
Dantas - O DF tem o maior orçamento per capita do país e o pior e o mais caro sistema de transporte. Para reverter este quadro, só há um caminho: estatizar as empresas de transporte público. O direito de ir e vir de milhões de pessoas não pode mais estar a serviço do lucro de meia dúzia de empresários. Roriz e Agnelo/Filipelli não podem fazer isso porque suas candidaturas estão a serviço dos empresários que as financiam. Só assim será possível reduzir e congelar as passagens ao preço de custo, estender o direito ao passe livre universal para estudantes, idosos e desempregados e adaptar o transporte aos idosos e portadores de necessidades especiais. Aumentaremos os salários, melhoraremos as condições de trabalho e diminuiremos a jornada dos profissionais do transporte público. Implantaremos um modelo integrado de transporte público que funcione 24 horas e priorize e expanda o metrô 100% estatal para todo o DF e Entorno, com a construção imediata de três grandes eixos: Águas Lindas-Brasília, Valparaíso-Brasília e Formosa-Brasília. Construiremos ciclovias em todas as cidades do DF. Não há como resolver o problema dos engarrafamentos sem construir um sistema de transporte público que assegure o direito de ir e vir a todas as pessoas na cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário