Só
estando lá para acreditar. Mais de 100 pessoas discutindo temas importantes
para o país, convocadas pelas redes sociais, durante um jogo do Brasil. Foi
nesta quarta, em Brasília, em frente à Biblioteca nacional. E vão se encontrar
outra vez, nesse domingo (23/06), às 14h, no mesmo local.
Ficou
bem claro que o movimento não é só contra o aumento das passagens. As pessoas
reunidas começaram a montar uma pauta para as mobilizações que estão tomando
conta do país. Professor, bibliotecário,
estudante, artista. Gente de várias profissões, em sua maioria jovem, se juntou
para discutir temas que iam da demarcação de terras indígenas a diminuição da
carga horária de trabalho.
Em
vários casos as pessoas nunca participaram de um debate político. Isso não
impediu que cada um falasse o que pensava. Um pente fino nos gastos da Copa do
Mundo foi um dos principais temas. O Repúdio a proposta de cura gay aprovada no
congresso ontem também. Na próxima reunião, o grupo pretende fechar uma pauta
para ser levada ao Poder Público.
Um
dos pontos abordados foi a liberdade dos próprios manifestantes de se assumir
como membro de um partido. “Devemos diferenciar os pequenos partidos de
esquerda daqueles partidos que estão no poder”, disse um ativista, que não era
militante de nenhuma organização. A maioria foi contra o aparelhamento, mas
também repudiou a repressão aos militantes organizados.
Se
os jovens não têm uma direção definida, fica cada vez mais claro a simpatia
pelas ideias de esquerda. Estatização do transporte público, reforma agrária,
10% do PIB para educação pública. As bandeiras que os movimentos sociais já
levantam a muito tempo, agora defendidas por pessoas que nunca foram militantes
políticos.
A
mídia não deu muita bola. Afinal, os jornais só dão atenção aos atos mais
violentos que acontecem na mobilização. A juventude vai para as ruas, mas
também tem sede de debater um projeto de sociedade. Tem vontade de construir um
programa político. O movimento, ao contrário do que se pensa, tem causa.
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