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sábado, 11 de setembro de 2010

Entrevista do Rodrigo Dantas 16 para o Jornal Miraculoso

O MIRACULOSO: Quem é Rodrigo Dantas, candidato a Governador do Distrito Federal pelo PSTU?

Rodrigo Dantas: Nasci no Rio de Janeiro, maio de 68, vim para Brasília com 27 anos dar aulas na UnB, em 1995, sou formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, trabalho no departamento de filosofia da UnB, ministro aula de filosofia política e filosofia marxista, fui secretário-geral e presidente da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília – ADUnB, durante o 1 mandato do governo Lula, fui também vice-presidente do ANDES – Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior de 2008 a 2010, mandato que está terminando agora. Trabalhei com formação política de movimentos sociais, estudantis, populares, sindicais, tenho uma longa militância socialista, participei de ínúmeros processos de lutas e greves, ocupação da Reitoria da UnB, da Câmara Legislativa do DF com o Movimento Fora Arruda. Fui durante os anos 80 militante do PT, sou desde o começo, construtor da CONLUTAS e da nova organização popular estudantil que estamos construindo neste país, e tenho ínumeras publicações
cientificas, trabalhos e ensaios. É isso.

O MIRACULOSO: O senhor tem menos de 1 ano no PSTU e saíra candidato a Governador do Distrito Federal por este partido, não considera precipitado?

Rodrigo Dantas: Não, porque o PSTU é um partido que se organiza para as utas concretas e diretas da classe trabalhadora. Há muitos anos eu sou um militante que aposta também nas lutas da classe trabalhadora, a minha relação com o PSTU sempre foi muito próxima e eu levei mais de um ano em uma discussão profunda, com muitas leituras, até ter a firmeza e a segurança de entrar no PSTU. O PSTU é um partido que tem um programa voltado a construção das lutas, da organização e da consciência
da classe trabalhadora como base para a construção de uma sociedade socialista, uma sociedade onde os trabalhadores que produzem riqueza possam também administrar a riqueza que eles produzem, como eu sempre fui um socialista, eu vejo hoje no PSTU o partido que de fato tem o programa e a prática socialista no país.

O MIRACULOSO: Nas eleições de 2006, PSOL e PSTU estavam juntos, numa coligação que se repetiu no país inteiro, nacional e aqui no DF. Por que esses dois partidos que são tão pequenos, e que saindo separados ficam menores ainda, não estarão juntos nas eleições de 2010?

Rodrigo Dantas: Infelizmente a frente de esquerda não vai existir no DF e não vai existir no Brasil, o PSTU propôs publicamente a frente de esquerda desde agosto de 2009, a resposta do PSOL foi de que o partido preferia buscar uma aliança com a candidatura de Marina Silva. Nós entendemos que
a candidatura de Marina Silva cujo o vice-presidente é um dos mil homens mais ricos do mundo, é uma candidatura do empresariado, é uma candidatura do grande capital, que conseguiu uma cara simpática para impor seu programa em uma terceira candidatura. Nós consideramos um equivoco do PSOL Que ele tenha buscado essa aliança. Essa alianaça não foi possível porque a Marina preferiu construir uma aliança com o DEM e o PSDB no Rio de Janeiro, preferiu colocar como vice um mega empresário, e logo depois, poderia acontecer uma frente de esquerda, porém o PSOL votou um programa que não é um programa discutido com o PSTU e que não temos acordo, um programa parecido com o do PT dos anos
90 até chegar ao poder em 2002, um programa muito diferente do proposto pelo PSTU, que é socialista. Não chegamos a acordo também porque o PSOL há muito tempo aceita o financiamento da burguesia, de empresas e empresários, e nós entendemos que para construir uma sociedade socialista não se pode aceitar dinheiro de empresas e empresário. Nosso programa, PSOL e PSTU, é muito diferente e por isso não haverá frente de esquerda.

O MIRACULOSO: O senhor é um candidato de um partido minúsculo, o PSTU, que não tem nenhuma experiência administrativa de ter participado ou governado qualquer governo maior. Como lidará com essa falta de experiência do seu partido e sua própria falta de experiência
administrativa, visto que nunca foi eleito para nenhum cargo eletivo executivo?

Rodrigo Dantas: Não vemos problema, um governo do PSTU no país seria composto pelos melhores quadros da Universidade, os melhores quadros da intelectualidade brasileira e da esquerda, seria certamente um governo muito mais qualificado do que estes que temos por aí, compostos por políticos empresários, seus prepostos e tecnocratas que só sabem atender ao interesse do capital e da grande burguesia.

O MIRACULOSO: Brasília possui hoje a 3 maior renda per carpita do Brasil, todo um estado engendrado em anos de corrupção e partidos políticos grandes e solidificados que sem eles, não se consegue governar. Caso seja eleito, como será a política de alianças com os demais partidos?

Rodrigo Dantas: Nós não nos propomos a fazer alianças com a burguesia, com o capital ou com o imperialismo para governar o país, nós queremos construir diferentemente do PT um governo dos trabalhadores e para os trabalhadores apoiado nas lutas e organizações dos trabalhadores. Isso significa que o governo do PSTU não poderá ser um fato isolado, um governo do PSTU não será uma flor nascendo no meio do asfalto, um governo do PSTU será fruto de um processo de avanço da consciência e das lutas da classe trabalhadora brasileira e da juventude. Portanto um governo do PSTU romperia com esse regime político absolutamente corrompido e buscaria construir apoiado nas mobilizações diretas da classe trabalhadora uma democracia direta e as formas do poder popular.

O MIRACULOSO: Mas se o senhor fosse Governador do Distrito Federal, que estamos tratando aqui, como o PSTU que ainda não alcançou esse poder Nacional para alterar as regras do
jogo, lidaria dentro das regras do jogo, como seriam suas alianças políticas para Governar o Distrito Federal?

Rodrigo Dantas: Nós não poderíamos fazer nenhuma espécie de aliança com os donos de terra, de bancos e construtoras porque o nosso governo não expressaria esses interesses, seria criado um impasse e nós chamaríamos a população para romper esse impasse e construir um governo dos trabalhadores.

O MIRACULOSO: Na UnB, onde o senhor é professor e militante, alguns integrantes da comunidade acadêmica já o acusaram de querer se passar por lider dos segmentos dos estudantes, professores e funcionários, como o senhor responde a essas acusações que já surgiram a seu respeito?

Rodrigo Dantas: Eu sou um militante, acredito que os trabalhadores só conseguirão transformar e construir um nova sociedade, uma nova forma de governar e organizar a sociedade no dia que eles conseguirem unificar suas vidas. Isso é verdade também no plano da lutas pelos direitos, isso significa
que a gente só consegue defender a Universidade pública em todos os sentidos articulando os três segmentos, professores, estudantes e servidores, eu sempre militei nessa perspectiva. Não sou candidato a lider de ninguém, a liderança não é alguma coisa que alguém possua, e sim uma coisa que você constrói a partir do momento que a elaboração do partido ou grupo de que você pertence é a elaboração e intervenção que acaba dirigindo o movimento. Ninguém é candidato a lider, ninguém nasce lider e eu não tenho nenhuma pretensão de liderar absolutamente nada, minha modesta pretensão é poder contribuir para transformar a realidade e construir uma sociedade justa, humana, igualitária e socialista.

O MIRACULOSO: Qual a sua opinião sobre o amplo esquema de corrupção presente aqui no Distrito Federal, no escândalo apelidado pela grande mídia de mensalão do DEM?

Rodrigo Dantas: A primeira coisa que a gente tem que ter claro é que o que veio à tona em Brasília É o que ocorre há muito tempo em Brasília e em todas as partes do Brasil e na imensa maioria dos países do mundo, para não dizer quase todos. Como funciona isso no Brasil? As empresas privadas, donos dos grandes bancos e grandes empresas, os grandes capitalistas, financiam os seus representantes, com o apoio dos meios de comunicação que também lhes pertencem, e elegem os seus representantes como se representantes do povo fossem. Uma vez no poder eles vão evidentemente tocar os projetos as leis, as medidas, as políticas que interessa aqueles que o financiam. E aí pouco importa se o sujeito é um político empresário ou um pretenso representante dos trabalhadores, o que importa é que a estrutura que ele participa, pela qual ele é financiado, é uma estrutura corrupta e corruptora. Quando estes políticos empresários e seus representantes são eleitos, eles loteiam os recursos do estado, os cargos públicos, as posições do poder entre si, a lógica do toma lá da ká, que é dando que se recebe é a regra geral, onde o político evidentemente não pode deixar de acompanhar todo esse processo, e a própria lei é favorece a impunidade de forma que se a gente observar no sistema capitalista não pode ser diferente. Assim como não existe democracia na fábrica nem na empresa, quem manda é o patrão, nas eleições os patrões elegem seus representantes e não satisfeitos em mandar no dia a dia da sociedade, em todos os locais de trabalho, eles mandam também no poder político, e utilizam todos os recursos do estado em seu próprio beneficio. Se a gente For analisar o orçamento, podemos ver que o orçamento público do Brasil, 35% é gasto com juros da dívida pública que é o gasto mais importante que existe no orçamento brasileiro, se a gente começa a analisar todas as modalidades de transferência de recurso público para as mais variadas esferas privadas, inclusive para o terceiro setor, você vai ver aí não só a transferência direta de recursos como a corrupção permeando essa transferência e o resultado é que mais da metade dos recursos públicos do dinheiro dos nossos impostos neste país terminam no bolso dos mesmos patrões que nos exploram todos os dias e que através das eleições garantem também o direito de legislar e governar em seu próprio beneficio.

O MIRACULOSO: Foi anunciada recentemente uma coligação entre PT e PMDB, Filipelli e Agnelo, o Filipelli que foi o braço direito do Roriz, como enxerga essa coligação?

Rodrigo Dantas: Significa que ganhe Roriz, ou ganhe Agnelo/Filipelli, os donos dos bancos, das construtoras, os grileiros, os latifundiários, os donos das escolas, dos hospitais vão continuar no
poder, assim como na eleição nacional pode vencer Serra ou pode vencer Dilma que eles continuarão no poder. Não há grande diferença programática, e o próprio empresariado em um encontro com Serra, Dilma e Marina declarou unanimemente que não vê grandes diferenças programáticas, não só na
eleição nacional, como na eleição para o DF mas em todas as eleições que estão aí colocadas, ou seja, os candidatos que a mídia apresenta como sendo os candidatos que disputam a eleição são os candidatos que aceitaram o programa dos proprietários dos meios de comunicação, dos meios de produção em todo o país, então na verdade a grande novidade é que aquele que um dia nasceu como partido dos trabalhadores governa hoje com a burguesia, para burguesia e com os métodos sujos da burguesia, e é por isso que nós precisamos construir uma alternativa dos trabalhadores, pra além do PT,
pra além da CUT, que permita dialogar com o conjunto da classe trabalhadora brasileira, para que possamos convencer os trabalhadores desse país, não só nas fábricas, nas escolas, nas universidades,
mas também no processo eleitoral, onde nós podemos falar pra milhões, de que os trabalhadores podem
e devem governar por si e para si mesmos sem uma aliança com a burguesia.

O MIRACULOSO: – Fale sobre sua candidatura e qual o diferencial que acredita que ela representa.

Rodrigo Dantas: – Olha, no governo a primeira coisa que nós faríamos, seria
chamar o apoio da população ao nosso programa, fazer uma grande auditoria nas contas do Estado, prender, cassar e expropriar todos os corruptos e corruptores e empregar todos os recursos do Estado, do dinheiro dos nossos impostos, para garantir saúde estatal, pública e de qualidade para todos, educação estatal, pública e de qualidade para todos, estatizar o transporte, reduzir, congelar passagens, ampliar as linhas, garantir o passe livre para idosos, desempregados e estudantes, em suma: fazer uma ampla reforma agrária e urbana, de modo a garantir a todos os habitantes do DF, que cada tenha a sua casa, que cada um tenha a sua terra, acabar com a grilagem, punir os grileiros, em suma: nós faríamos
um governo cujo o único compromisso seria com as necessidades e direitos com o conjunto da população, um governo que só poderia se viabilizar com o apoio da população, com a participação da população, com a criação de mecanismos de democracia direta, isso implicaria evidentemente alterar
a correlação de forças, implicaria, evidentemente em derrotar os tubarões e poderosos que aí estão e isso só poderia ser feito pela mais ampla mobilização popular. Nosso objetivo em última instância é construir, um governo em que a riqueza produzida pelo nosso trabalho possa por fim estar a serviço das nossas necessidades e dos nossosdireitos.
O MIRACULOSO: – O jornal O MIRACULOSO agrade a entrevista, a atenção e as palavras, que passam agora a constar na história do Jornal. O senhor foi nosso primeiro entrevistado político desta série que faremos até Outubro, os questionamentos que buscamos aqui fazer são os questionamentos que acreditamos ser de todos os cidadãos e será esse o padrão das demais entrevistas. Vamos as suas considerações finais.

Rodrigo Dantas: – Eu queria agradecer ao Jornal O MIRACULOSO e parabenizar essa iniciativa, porque no Brasil dizem que existe democracia, mas o poder de informar e de comunicar está concentrado
nas mãos de pouquíssimas pessoas e é utilizado da forma mais manipulatória, distorcida e abusiva que
existe, é importante que você multiplique mecanismos e iniciativas de democratização da comunicação, de descentralização, e é isso que vocês estão fazendo, por isso vocês estão de parabéns, e nós gostaríamos de dizer por fim a todos os leitores do Miraculoso, que nós viemos de longe a vamos
ao longe, nós não acreditamos que o século XX, o mais revolucionário da história humana tenha sido uma exceção ou uma anomalia na história, nós acreditamos que pelo contrário os problemas criados pelo capitalismo, os problemas globais criados pelo capitalismo se agravam, a cada dia, e o capitalismo
não é um fruto da natureza, o capitalismo é fruto da história humana e ele pode ser superado e uma nova
sociedade pode ser construída, nós temos hoje um desenvolvimento material, científico e tecnológico suficiente para que todos vivamos em paz com conforto, com nossas necessidades atendidas trabalhando cada vez menos e com o meio ambiente preservado, mas dentro do sistema capitalista essas mesmas forças produtivas tão desenvolvidas acabam significando guerras, devastação ambiental em escala planetária desemprego de massas, salários cada vez menores, direitos cada vez menores, nós consideramos que é possível urgente e necessário, construir a luta para superar o capitalismo como
modo de organização da vida social da humanidade e é a isso que minha vida está a serviço e a isso que o PSTU está a serviço e é a isso que está candidatura está a serviço, muito obrigado.


Vote Rodrigo Dantas 16!!!

4 comentários:

  1. Meu nome é Doriel Mattos,tenho 36 anos de idade sou morador de Brazlândia nasci e cresci nessa cidade,conheço todas as cidades do D.F e entorno pois sempre morei aqui,eu leio muito sobre política e acredito na causa do candidato Rodrigo Dantas,quero ser seu militante pois o candidato é pouco conhecido e eu preciso de material para divulgar suas propostas.

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  2. Doriel, recebemos seu email através do pstubrasilia@gmail.com

    Por favor nos responda por email com um número de telefone para entrarmos em contato.

    Saudações Revolucionárias!

    PSTU Brasília

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  3. Sou Arthur morador de Samambaia e acredito que se eleito fará a mudança! por isso meu voto será ao PSTU pra governador! Rodrigo Dantas!

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  4. Muito boa a entrevista e parabéns ao jornal Miraculoso por ser esta fonte alternativa e democrática de comunicação

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